sábado, 4 de abril de 2015

Sigo em frente, arrasto a mente...

Amigo, posso emprestar seu ombro por um minutinho?
Preciso lhe contar. Há poucos dias, eu descobri que as respostas que eu tanto procuro podem estar escondidas nos momentos mais improváveis. Sentada estava, olhando para o vazio, enquanto mãos experientes deslizavam pelos fios de meu cabelo e o som da tesoura ecoava em meus ouvidos. Pelo canto do olho, eu via as pontas caindo no azulejo branco do chão. Meus ouvidos estavam ocupados - eles escutavam às histórias contadas pelo dono daquelas mãos.
Apesar do abismo entre nossas idades, nossos problemas eram quase irmãos - falavam do coração, aquele pilantra, que só servia para confundir nossas cabeças! É, meu amigo, nem todos somos tão diferentes assim. Aquele era, agora, nosso reino. A incerteza era rainha, o medo era príncipe e a dúvida era a sombra que nos seguia pelo quarto, pelas ruas, pelas noites que estávamos passando em claro.
Ele contou aos meus ouvidos sobre um sentimento que vivia - não sabia se era certo, se podia confiar nele. O sentimento podia traí-lo, deixar sua cara no chão. Ora, amigo, quantos de nós já não vivemos essa mesma situação? Tão logo minha imaginação começou a voar, pensamos juntos em todos os finais que aquilo poderia ter. Sem bola de cristal, era só o que restava fazer. Meus ouvidos o compreendiam, eu também vivia aquela dúvida. Havia alguém, longe de mim, que sequer imaginava as tempestades que causava em meu coração. No entanto, o dono das mãos possuía algo que eu não tinha - uma coisinha chamada coragem.
Diferente de mim, ele percebeu que não podia mais guardar aquilo somente para si. Esse alguém, seu alguém, era um peso bom que ele precisava tirar das costas. Como um livro, ele carecia de um final. Amigo, você não vai acreditar - ele engoliu o medo e resolveu! Apesar da decepção que isso podia trazer a ele, o caminho agora estava livre para que ele seguisse, sem culpa, sem nada que o prendesse.
Fugir da dor, amigo, seria como andar em círculos. O caminho da vida é um só e, se você quiser prosseguir, precisa enfrentar os problemas, tirar o peso das costas. O fim da estrada continua no mesmo lugar, e só você pode chegar até ele - pois ele não fará o mesmo por você.
No fim, amigo, o chão estava cheio de fios de cabelo e minha cabeça estava do avesso. A coragem? Ainda procuro...


- Laila. 


 

Nenhum comentário:

Postar um comentário