sábado, 5 de julho de 2014

A fada na margem do lago

"Eu estava andando.
Andando no parque. O sol estava quente, parecia que ia me queimar a cabeça. A camiseta grudava nas minhas costas. Que desagradável. Que vontade louca de me jogar no laguinho e tomar um banho, sem me importar se os patos e gansos vão olhar para mim.
Talvez eles tenham o direito de olhar. Afinal, o lago é deles. Com certeza eles vão se assustar com a minha cara feia e usarão seus bicos para deformá-la ainda mais. Não. Não preciso disso. Já me bastam as espinhas e o nariz adunco. Sei que pareço um gnomo e não preciso de patos para confirmar isso.
Parei na beira do lago. Esfreguei meus olhos, que ardiam. O sol me queimava. Ora, eu deveria ir embora ou procurar uma sombra. Que preguiça. O sol me dá preguiça. Cada segundo que passa é mais uma célula minha sendo queimada. Mas não estou nem aí. Minhas células devem ser feitas de preguiça.
Ergui o olhar, sem nenhuma razão em especial, apenas ergui. E então a vi. Esfreguei os olhos de novo. Ela ainda estava ali. Era uma menina, mas não qualquer menina. Ela era... Mais bonita? Parecia uma fada, flutuando na margem do lago. Você pode até pensar que é brega eu chamá-la de fada, mas é verdade. O rostinho dela era delicado como a pétala de uma flor. O nariz era pequeno e bonitinho, como o de uma bonequinha. O cabelo era enroladinho e pulava quando ela se mexia. Cabelos podem pular? O dela pulou. Parecia vivo. A boca dela... Caramba, que comichão é esse na minha língua?
De repente, me perdi. Perdi-me numa imensidão que brilhava. Essa imensidão tinha cor de chocolate e seu brilho era como um reflexo da lua. Espera. Como assim? Reflexo da lua? Mas ainda está de dia! Deixe-me tentar voltar ao planeta Terra para entender o que é que está acontecendo. Ah, é mesmo. Eu olhei nos olhos daquela menina e me perdi.
Nossa, que menina linda. Ela ainda não olhou para o meu pedaço da margem. Eu queria que alguma força invisível do Universo a fizesse olhar para cá. Qual será o nome dela? Será que eu devo ir até ela e perguntar? Não, espera. Parem o mundo que eu preciso descer por um minuto. Eu não a conheço, e ela não me conhece. Ela é a fada do lago que vive em uma flor, e eu sou o gnomo feioso que mora em uma erva-daninha.
E agora? Falo com ela ou não falo? Falo ou não falo? Vou até ela ou não vou? Minhas pernas não querem me obedecer. Malcriadas. Vou ou não vou? Mas, se eu for, o que vou dizer? Ela está na outra margem do laguinho. Ergueu o olhar e o cruzou com o meu. Sorriu e então se levantou para ir embora.
Não! Vamos pernas, mexam-se! Ela está indo embora! Fiquei ali, só olhando, remoendo em mim a vontade de ir atrás dela. Vou ou não vou? Se não for agora, não vai ser nunca mais. Tenho que ir. Mas e se a fada não gostar do gnomo? Acho que é melhor eu parar de pensar e simplesmente ir. Senão, minhas pernas vão se lembrar de que não querem me obedecer.
Fui. Pulei as pedras pela margem do laguinho, atrás da menina.
Corri."
(Miriade)

 
 
...
 
Ah, e força ao menino Neymar. O "acidente" que ele sofreu no jogo contra a Colômbia foi bastante grave, espero que ele possa se recuperar.
 
 
- Laila.

Nenhum comentário:

Postar um comentário