"Hoje, meu corpo acordou trêmulo de frio. Meu queixo batia como uma castanhola flamenca. Despertei, inquieta, busquei algo para me aquecer. Do outro lado da janela, a neblina. Branca, roubava dos olhos meus a paisagem. 'Traga de volta', quis gritar a ela. Tal qual fantasma alvo, ela me ignorou.
Na cozinha, uma xícara de café. Na velha estante, meus livros empoeirados. Vejo as plantas em minha varanda. Um gato preto cutucando a persiana. 'Largue isso, Adamastor', digo a ele. Afago-o, e então volto a divagar.
Observo, então, um caderno dourado. Parado, ali, como quem dorme. Aproximei-me, toquei-o com a mão. Folhas vazias, trêmulas de frio! Lápis em riste, permitam-me aquecê-las.
Escrevi versos como louca. Rabisquei poemas de amor. No coração, saudade pouca. Em meu colo, Adamastor.
As palavras, registradas. Algumas folhas rasgadas. Prossegui com teimosia.
Parar, jamais. Buscarei infinitos.
Alegria".
- Laila.
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