terça-feira, 30 de setembro de 2014

Tão Tão Distante...

Olá!
Dizem que não é muito saudável passar longos períodos sozinho(a), porque isso acaba fazendo com que você pense demais.
Cara, não ria. É verdade.
Eu estava aqui pensando com meus botões - na verdade, é um zíper - na insignificância da maioria dos indivíduos deste mundo. Pelo menos, em determinadas circunstâncias. É lógico que cada um é muito importante para seus familiares e amigos, mesmo que em pequenos círculos. Normalmente, cada um de nós acaba, em algum momento da vida, tendo uma importância bastante significativa na vida de alguém, e me alegra saber que nós podemos, mesmo que brevemente, fazer a vida do outro ser um pouco melhor ou mais fácil.
Olha como eu estou dramática. Sabia que não devia ter comido aquele chocolate hoje.
Eu estava pensando nos ídolos de cada um. À exceção de algum sortudo que tem a oportunidade de conhecer seu ídolo, o resto de nós não tem tanta sorte assim. O trabalho de nossos ídolos é maravilhoso e eu defendo com unhas e dentes o direito de ele ser reconhecido. Eu admiro várias personalidades dos ramos artístico e acadêmico, e cada conquista delas me inunda de alegria. No entanto, às vezes, me encontro deprimida - é extremamente grande a possibilidade de que eu jamais tenha a oportunidade de expressar pessoalmente a minha admiração por aquele ídolo. Mesmo os mais próximos de mim - talvez eu nunca conheça a alegria de olhar em seus olhos e dizer que eles, de alguma maneira, mudaram a minha vida ou me ajudaram a superar alguma dificuldade. Não possuo traumas de infância, não possuo grandes perdas na família, não tenho deficiências físicas ou mentais - agradeço aos céus por isso, mas as portas não costumam se abrir à pessoas comuns como eu.
Quando vejo que alguma pessoa conseguiu realizar o meu sonho - o sonho de conhecer um ídolo -, mesmo que eu não a conheça, eu me sinto muito feliz por ela. Sei que, provavelmente, ela admirava aquele ídolo tanto quanto eu e me alegra saber que ela teve uma oportunidade. Porém, fico pensando e remoendo - não poderia ser eu?
Muitos dos ídolos que eu admiro já até se tornaram personagens dos meus livros...
Caramba, quanto drama! Ok, eu vou parar.
E A PERGUNTA É... Se você tivesse a oportunidade de conhecer um de seus maiores ídolos, qual seria?

(Benedict Cumberbatch é um dos ídolos que meu coração adoraria conhecer)
 
- Laila.

sábado, 27 de setembro de 2014

Adeus, parceiro.

Olá!
Não sei se você já parou para pensar em todas as coisas que habitam o seu quarto.
Bom, eu nunca havia parado para pensar nisso. Certo dia, um que deveria ser como qualquer outro, um furacão atingiu o meu santuário. Eu cataloguei esse furacão e o chamei de "Mãe-44AB".
Sem escolha, tive que acatar as mudanças que estavam acontecendo no meu cantinho. Eu detesto esse tipo de mudança. Nos dias que se seguiram, eu não sabia mais onde estavam as coisas. É por isso que nós chamamos de "bagunça organizada" - parece bagunçado, mas nós sabemos onde cada coisa está.
Enfim. Enquanto eu separava papéis, apostilas, livros, cadernos e o escambau, percebi que ainda tinha muitos brinquedos antigos guardados. Minha mãe os havia separado em caixas para que eu desse uma olhada e decidisse o que desejava manter e do que eu queria me desfazer.
Se você já assistiu "Toy Story", você consegue imaginar como eu me senti. Eu olhei para cada um deles, devagar, e me lembrei de todos os bons momentos que tivemos juntos. Eu me lembrei de todos os nomes que dei a eles, de todas as histórias que eu já inventei. Histórias que eu compartilhava com meus amigos, histórias que serviram de inspiração para alguns dos livros que eu escrevi. Histórias que, inclusive, me aproximaram de algumas pessoas.
Eu os olhei, eu os toquei, admirei cada detalhe, cada acessório. Anos de infância vieram à tona - todas as vezes em que eu estive sozinha e que eles estavam lá para me fazer companhia. Os brinquedos, no fundo, servem para isso - eles são máquinas de fazer lembranças. Eles estimulam a nossa imaginação, eles se tornam companheiros para momentos bons e ruins.
Foi difícil, confesso.
Foi como se cada um deles me olhasse intensamente, pedindo, e eu não estivesse conseguindo entender o pedido. Queriam ir, ou queriam ficar? Tive que escolher. Aqueles que não foram escolhidos para ficar serão destinados a novos lares. Sei que existem coraçõezinhos abertos por aí prontos para acolhê-los.
Foi uma grande lição. A vida, em certas ocasiões, nos dá oportunidades de desapegar e fazer escolhas. As pessoas crescem, o caráter cresce, as ideias crescem.
E, se tudo der certo, o coração também.

 
- Laila.


segunda-feira, 22 de setembro de 2014

A porta do quarto está fechada.

- Deixa a porta do quarto aberta, criatura!
- Não, mãe.
- Por que é que você só fica enfurnada nesse quarto?
- Não interessa, pai.
Olá!
Conte para mim, quantas vezes você já não passou por esse tipo de diálogo? Os jovens podem dizer, e os adultos podem recordar. Os pais, atualmente, desenvolveram uma cisma com a porta do quarto, esse objeto de madeira inocente, e não podem vê-la fechada sem se incomodar com isso.
Ora, não é o quarto o único canto da casa que você pode chamar de seu? É ali que você pode escolher ficar sozinho, pensando na vida, estudando ou mesmo se escondendo de algum problema. É como um refúgio - ali, você não deve satisfações a ninguém. Você pode tirar todas as roupas do armário e jogar tudo na cama até escolher o que quer vestir, você pode fingir que sabe cantar e deixar descer a Vanessa da Mata no seu corpo, você pode atirar o travesseiro na parede e descontar nele todas as desgraças do seu dia, você pode enfiar a metralhadora na cara dos inimigos com o seu videogame.
Afinal, o quarto é o seu cantinho.
A parte ruim é que, em sua grande maioria, os pais não entendem essa necessidade do jovem por espaço. Eles querem ter acesso visual à rotina dos filhos o dia todo, e isso é muito desgastante. Para complicar a situação - calma, ainda vai piorar -, os jovens em fase de vestibular são forçados a engolir uma tempestade de cobranças e críticas dos pais. Se você estudasse mais, não seria tão difícil, dizem eles, como se o filho passasse o dia inteiro vendo televisão. Eu preciso ver o que você está fazendo, não feche a porta do seu quarto, insistem eles, como se eles nunca houvessem ouvido falar de "privacidade".
É irritante quando as cobranças fazem com que o seu esforço pareça desprezível. Nem sempre o jovem corresponderá às expectativas de seus pais, e muitas vezes eles não entendem isso. O que fazer? Se eu soubesse, não estaria colocando meus pensamentos em um blog. Talvez você esteja no mesmo barco que eu, ou mesmo já tenha passado por isso. Enfim.
Vida longa à porta do quarto.
E A PERGUNTA É... A porta do seu quarto também é desrespeitada? É fácil para você lidar com as cobranças do dia a dia?


(minha cara quando entram no quarto sem bater)
 
- Laila.


sexta-feira, 19 de setembro de 2014

Barbixas (Improvável)!!!

Olá!
No dia 18 de setembro, eu passei pela realização de um dos meus maiores sonhos, e achei que seria interessante registrar aqui.
Eu fui assistir a um show de improvisação no Teatro TUCA, feita por um grupo conhecido como Cia. Barbixas de Humor. Eles se apresentam nesse teatro todas as quintas-feiras, às 21h30.
Bom, eu os conheci pelo YouTube. Esse grupo é composto por três rapazes - Daniel Nascimento, Anderson Bizzocchi e Elídio Sanna. O espetáculo do "Improvável" sempre conta com a participação de algum ator/improvisador convidado, e o show que eu vi contou com Edu Nunes, um de meus convidados favoritos para o espetáculo.
Foi uma experiência maravilhosa. O teatro é muito bonito, e o cenário do espetáculo é extremamente bem organizado e atrativo. O mestre de cerimônias, Andrei Moscheto, começou interagindo com a plateia - inclusive comigo!!! - para quebrar o clima inicial de tensão, fez algumas piadas, deixou o público bem à vontade, e então anunciou eles! Os Barbixas, seu convidado Edu Nunes e o grande músico Daniel Tauszig! Eles entraram, sorriram, pularam, foi incrível!
Após as recomendações de praxe - respeito, sem filmar, sem fotografar... - o espetáculo teve início. Basicamente, os atores participam de uma sequência de jogos de improvisação, nos quais os estímulos são inteiramente providos pela plateia.
Vou dizer, preciso dizer. Eu já os acompanhava pelo YouTube, já havia me inscrito no canal deles e todas as semanas eu assistia ao vídeo que eles colocavam, bem como todos os que já haviam disponíveis. O trabalho deles é maravilhoso, é pura arte - eles me fizeram abrir a cabeça para uma nova visão acerca de humor. São rapazes extremamente carismáticos e habilidosos naquilo que fazem, e pode-se ver que o fazem com muito gosto. As cenas eram dinâmicas e cheias de intertextualidade, o público entrava em êxtase absoluto!
Existe uma enorme diferença entre ver o trabalho de um ídolo na internet e ver o mesmo ao vivo. Posso dizer que saí do teatro com um gostinho de "quero mais". Foi maravilhoso poder vê-los e ouvi-los ali, ao vivo, e presenciar com meus próprios olhos o talento que eles possuem. Mesmo sabendo que, provavelmente, eu jamais terei a chance de dizer a eles cara a cara o quanto eu os admiro, continuarei acompanhando seu trabalho e divulgando-os aos meus amigos.
Rapazes, vocês são maravilhosos!

(da esquerda para a direita: Daniel, Elidio e Anderson)
 
- Laila.


quarta-feira, 17 de setembro de 2014

Estou perdida, não me procure.

Olá!
Que pise na primeira peça de Lego no chão quem nunca sentiu vontade de sair, simplesmente ir para algum lugar sem olhar para trás.
Ah, como eu já quis fazer loucuras! Eu já senti vontade de simplesmente sair de casa em uma manhã de sol e caminhar, para qualquer direção, e só retornar ao anoitecer. Eu queria passar pela experiência de estar em total comando sobre meu próprio destino, minha própria estrada - nossa, que filosófico.
Quem nunca?
Cara, vou te contar, eu já tive vontade de fazer algumas coisas estranhas, e a maioria delas você poderia usar de justificativa para me internar em um sanatório. Por exemplo...
- Eu já quis morar em uma casa de árvore.
- Houve uma época em que, após ganhar uma enciclopédia, eu quis me tornar astronauta.
- Quando eu não tinha com quem conversar, esperava anoitecer e falava com as estrelas.
- Já senti vontade de sair dançando no meio da rua.
- Banhos de chuva. Eu amava banhos de chuva. Ainda amo, mas agora eu sei me controlar.
- Houve uma época em que eu decidi escrever um livro. Mal sabia eu que, em poucos anos, já teria escrito mais de sete.
Enfim, há quem diga que a vida é muito curta para que nós não nos entreguemos à certas loucuras - aquelas que NÃO PREJUDICAM OS OUTROS, por favor.
A vontade das pessoas de fazerem e serem algo diferente é bastante antiga. Desculpe, mas não é uma vontade original. Contudo, alegre-se - ainda não é tarde para entrar para o time! Se você tem um grande sonho ou a vontade de fazer algo revolucionário, por que não? Vá atrás, seja feliz, isto é o que mais importa. Muitas pessoas deixam que o medo as limite, e por isso acabam por afastar de si próprias a felicidade. Não faça isso! Ouse! Seja cada vez mais. Voe cada vez mais alto, torne-se aquilo que você achava que nunca conseguiria ser.
~ Não acredito em você, isso é besteira. Puro clichê ~ le cético.
Não acredita, bebê? Saia e veja com seus próprios olhos.
A espécie humana tem este lado fascinante que é a curiosidade, a vontade, a iniciativa, a paixão. Estas são qualidades que, acima de tudo, deveriam ser encorajadas. Saia, viva, descubra, respire ar fresco, aventure-se, e então volte para casa ao anoitecer.
Quem nunca?

 
- Laila.


domingo, 14 de setembro de 2014

Dolphin Tale 2

Olá!
Bom, recentemente eu fui ao cinema com minha mãe e minha irmãzinha para assistir ao novo filme em cartaz, "Dolphin Tale 2" ou "Winter, o Golfinho 2".
Eu já havia visto o primeiro filme, que conta a história de Sawyer, um menino que encontra um golfinho encalhado na praia que possui uma característica peculiar - não possui a cauda. Este golfinho nariz-de-garrafa é chamado de Winter, e ela é acolhida e tratada pelo Clearwater Marine Aquarium. Sawyer, que a resgatou, torna-se um de seus tratadores e, com a ajuda de muitos amigos, eles conseguem que Winter receba uma prótese de cauda, para que possa nadar mais confortavelmente.
O segundo filme é ainda mais maravilhoso. Ele continua a nos contar a trajetória da Winter. Sawyer continua a cuidar dela e ela é a grande atração do Aquário. Ela inspira centenas de jovens todos os anos e é muito querida por todos. Winter divide sua rotina com uma amiga, Panamá, outra nariz-de-garrafa que lhe fazia companhia. No entanto, algo terrível acontece com Panamá e mexe com todos ali no Aquário, principalmente com Winter.
Neste filme, o espectador pode se emocionar com o dilema que Sawyer e seus amigos vivem em relação à Winter, com o resgate de mais dois golfinhos e com a permanência de um deles, Hope - que poderá vir a ser um fator decisivo na vida de Winter. Além disso, pode rir e se deliciar com a petulância de Rufus, um pelicano muito irritante e querido que perseguirá as crianças e ajudará no resgate e na soltura de uma tartaruga marinha - minha mãe se apaixonou por esse pelicano, nem eu entendo.
A história da Winter e da Hope, nesse filme, serve de inspiração. O filme nos mostra a rotina e os dilemas que vivem as pessoas que dedicam suas vidas a esses animais e que exercem seu trabalho com nada mais nada menos que paixão absoluta. Mostra a sensibilidade que reside no coração destas magníficas criaturas que são os golfinhos - será que eles sentem coisas como amor, perda, amizade?
Sawyer vai mostrar o quão difícil é, às vezes, tomar uma decisão. Como é cruel a dúvida, a escolha de deixar ou não os amigos para trás por um certo tempo. Winter vai mostrar a ele que sempre há uma alternativa, e que, normalmente, ela é mais simples do que todos pensavam.
É uma história para rir, chorar e se inspirar. O Clearwater Marine Aquarium está aberto ao público, na Flórida, e para todos aqueles que quiserem visitar a Winter e saber mais sobre ela, esse golfinho batalhador e inspirador.
"Winter's amazing true story... Now has Hope."


 
- Laila.


sexta-feira, 12 de setembro de 2014

Me deixa em paz, coração.

Fala sério, quem é que nunca amaldiçoou o próprio coração inconsequente?
Sentir é algo natural e inerente do ser humano, bem como de todos os animais. Não quer dizer que sempre será um sentimento positivo, mas, na maioria das vezes, por que não?
Já dizia eu mesma...
"Conte para mim, amigo
Uma vez que já me disse
Da juventude à velhice
Confie em mim, estou contigo

Não me engane, companheiro
É esse teu coração ativo
Bagunçou esse teu juízo
Despertou esse corpo inteiro

Segure essa mente insana!
Uns dizem que amor é chama
Disso eu já quis duvidar

Mas, no fim, o amor engana
Pois às vezes a gente ama
Sem saber se quer amar"
(Laila)

 
(Amar faz bem...)


- Laila.

quarta-feira, 10 de setembro de 2014

#saudadeschuva

Vamos lá, sem frescuras. Sejamos honestos.
Quantas vezes as pessoas escutam falar de desgraças acontecendo ao redor do mundo, mas não se importam? Afinal, a desgraça ainda não bateu na porta de casa, não é?
Bom, o Brasil está enfrentando algo assim. Há mais de seis meses, as chuvas que regularmente abasteciam a região sudeste não apareceram. O governo percebeu a irregularidade, mas não tomou nenhuma providência. Logo, o nível de água nos reservatórios começou a baixar. São Paulo, por ser uma cidade gigante, começou a sentir rapidamente os efeitos colaterais da falta das chuvas.
TODO MUNDO SABE que São Paulo é uma cidade enorme e que precisa abastecer milhares de pessoas com água todos os dias. Todo mundo sabe que, independentemente da cidade, há desperdício de água. No entanto, não seria mais sensato alertar a população da crescente falta de água devido à ausência de chuvas? Bom, não foi isso que o governo pensou.
Não houve alerta, não houve conscientização popular, não houve sequer transparência - os governantes do estado de São Paulo e principalmente da cidade em si não admitiam de maneira alguma que estava faltando água. Logo, a água começou a ser racionada na região metropolitana de forma incisiva, e o cotidiano de muitas famílias virou de cabeça para baixo.
Um cerco de secura e racionamento começou a se formar ao redor de São Paulo, como se alguém enrolasse uma corda em torno do pescoço de alguém e fosse apertando gradativamente. Em breve, não vai haver mais saída - a água terá de ser racionada em todas as residências, sem exceções. A cidade está sempre em crescimento, mas os reservatórios de água não estão acompanhando. As pessoas continuam desperdiçando, acreditando que a desgraça nunca virá bater em suas portas.
As eleições estão se aproximando, e com elas, a realidade. O que muitas pessoas ainda não perceberam é que, após os governantes serem eleitos, o racionamento de água em São Paulo vai explodir como uma bomba atômica. Ninguém será poupado.
A população precisa entender que, mesmo em um país com abundância de água como o Brasil, há a possibilidade de falta de água e que medidas precisam ser tomadas quanto a isso. Caso contrário, as coisas nunca vão mudar.
E, infelizmente, acho que nem a dança da chuva pode nos ajudar agora.

 
- Laila.


sábado, 6 de setembro de 2014

Cadê a explicação no canto da página?

Olha, eu vou te contar uma coisa - até um tempo atrás, eu pensava que a pior coisa pela qual um ser vivo podia passar era dor de barriga.
Vejo que me enganei, como sempre.
Eu estava em uma fase na qual a vida parecia haver se ajeitado - as coisas estavam indo bem, os estudos estavam indo bem, as amizades estavam indo bem. No entanto, baixou o diabo-da-tasmânia em mim e as coisas viraram do avesso - como se estar de ponta-cabeça não fosse o suficiente u.u
A vida é uma loteria, blá blá blá, essas coisas que todos já estão cansados de ouvir. Nunca é do jeito que nós esperamos, não podemos planejar. O detalhe é que o ser humano pode viver sem saber se há alguma coisa - mas pode enlouquecer se souber que há alguma coisa, mas não sabe exatamente o que é.
Como se já não bastasse eu não ser muito amiga da Sorte, ela ainda decide colocar uma casca de banana no meu caminho para me ver escorregar e bater a cara do chão. Descobri que o ser humano pode viver sob um estado irritante de ambivalência - oi? - que significa duas coisas indefinidas. É como uma balança com dois pesos próximos, porém não exatamente iguais, e eu preciso escolher um dos lados. O detalhe é que eu não sei o que são esses pesos, mas sei que eles estão ali. Argh!
Sinto saudades de quando, nos meus livros de escola, eu não entendia alguma palavra e ia até o cantinho da folha para procurar o significado. Só que, agora, eu não estou entendendo a vida, e CADÊ A EXPLICAÇÃO NO CANTO DA PÁGINA?
Não está mais ali.
É normal que as pessoas se sintam extremamente confusas ou indecisas em algum momento ou fase de suas vidas. Nessas horas, é interessante procurar o aconselhamento de pessoas próximas, da família, até mesmo dos amigos mais chegados. Alguém - pelo menos uma pessoa - vai ter alguma coisa bastante útil para dizer que irá te ajudar a superar.
É horrível viver debaixo da asa da dúvida, mas às vezes não há outra coisa a fazer senão esperar. Esperar, e ver o que pode acontecer.
E A PERGUNTA É... O que você faz para se livrar das suas dúvidas?

 
- Laila.


terça-feira, 2 de setembro de 2014

Exatoides (4) - O Lobo e o Cordeiro

A pedido de uma amiga muito querida, estou colocando aqui o quarto capítulo do meu novo projeto. Mais uma vez, deixo registrado - aqueles que se interessarem pela história ou que desejarem saber mais sobre ela, ou mesmo os que tiverem opiniões formadas, deixem nos comentários, eu vou adorar ler :)
"CAPÍTULO 4 - O LOBO E O CORDEIRO.
- Os resultados serão divulgados hoje - disse Hugo.
Marcelo olhou para o amigo, mas decidiu ficar quieto. Aquela era a quinquagésima vez que ele ouvia aquela frase desde o momento em que entrara na Academia, e a expectativa era desgastante - o país inteiro cobraria dele aqueles resultados, não apenas sua família. Talvez, num passado distante, as pessoas não precisassem corresponder às expectativas dos outros. Agora, porém, não havia alternativa.
Ele era, assim como seus amigos, um exatoide. Isso significava que ele devia resultados a todos, menos a si mesmo.
- Por que você fica repetindo isso? - questionou Bernardo, rompendo o silêncio - Todos sabem que nós três fomos classificados. Vocês ainda têm alguma dúvida?
Os três estavam sentados em uma das centenas de mesas do refeitório. Hugo deu de ombros para o posicionamento de Bernardo e deu uma mordida voraz no sanduíche vegetariano.
- Vocês souberam? - Bernardo insistiu - Uma menina da nossa sala foi rebaixada.
- Verdade? - Hugo ergueu os olhos, engolindo o que restava do sanduíche - Para qual classe?
- Humanas - disse o rapaz, erguendo o canto dos lábios em uma expressão de repulsa - Aparentemente, ela e o irmão mais velho tinham um mecanismo com o qual ele passava as respostas dos exercícios para ela.
- Quer dizer que ela ludibriou o sistema da Academia? - Marcelo estava surpreso.
- Sim! Imagine isto! - Bernardo estava eufórico - O histórico escolar dela vai ser destruído. A família dela queria escondê-la, mas no fim ela será mandada para aquela pocilga dos humanoides e jamais vai conseguir sair de lá.
De repente, os alunos que circulavam pelo refeitório correram para um dos corredores, em alvoroço. Os três rapazes foram atrás, e descobriram que os resultados das provas haviam acabado de sair no painel. Ao lado do nome de cada aluno, havia uma bolinha colorida. A cor azul era para os exatoides aprovados. A cor verde era para os alunos rebaixados para Biológicas. A cor vermelha era para os alunos rebaixados para Humanas.
O alívio percorreu as entranhas de Marcelo quando ele enxergou a bolinha azul ao lado de seu nome. Hugo e Bernardo partilharam da mesma sensação. Em todas as salas, algumas bolinhas verdes pipocaram. Os alunos rebaixados em questão tinham as cabeças baixas, alguns choravam.
Os inspetores da Academia estavam agrupando os novos bioloides para levá-los até o pátio principal, no qual receberiam um recado piedoso do diretor da instituição para que pudessem ser devolvidos aos pais - que deveriam realocá-los de acordo com sua nova classificação. Marcelo os observou, andando de cabeça baixa, seguindo os inspetores.
- D-deve ter havido algum engano - Marcelo ouviu um rapaz franzino ao seu lado murmurar - Eu sou um exatoide!
Ele acompanhou o olhar do rapaz até o respectivo nome, e viu a bolinha vermelha ao lado.
- Parece que não - disse outro rapaz, que, aparentemente, era da mesma sala do aluno rebaixado - Parece que você pertence à corja dos inúteis, aqueles que vivem na lama e comem carne de animais doentes.
Nos minutos seguintes, Hugo e Bernardo tiveram que levar Marcelo para longe dali, enquanto alguns exatoides aprovados chutavam o corpo caído do aluno rebaixado e cuspiam sobre ele. Era como ver um lobo se sobrepondo a um cordeiro - não parecia natural.
- Opa!
Os três perceberam que haviam dado um encontrão no diretor da Academia.
- Perdão, diretor - Hugo apressou-se em dizer - Já estávamos indo.
- Certo - disse o homem.
A simples presença dele ali inspirava respeito em qualquer ser vivo que estivesse próximo. Ele se virou para Marcelo por um instante e abriu um sorriso.
- Parabéns, meu rapaz - disse ele - Eu soube de seus resultados. Saiba que eu nunca esperaria menos de um filho de Euclides Aurelino em minha Academia.
O cérebro de Marcelo, porém, não absorveu aquelas palavras. Ele observou o diretor se afastar, enquanto sentia os tapinhas que seus amigos lhe davam nas costas e seus olhos encontravam, por alguns instantes, os olhos inchados do aluno rebaixado, que era arrastado dali por um inspetor.
Os olhos do humanoide fixaram-se nos dele por alguns segundos. Sangue escorria de seu nariz e de seus lábios, deixando uma trilha escura no caminho pelo qual ele era arrastado. Do outro lado do corredor, os gritos de satisfação dos exatoides que o haviam agredido. O cordeiro havia perdido a luta.
Os lábios ensanguentados dele formaram uma palavra, sem qualquer som, e por um único momento Marcelo pensou ter entendido.
Socorro. "

 
 
- Laila.